
Brandão
"
Quando não mais houver poesia
na triste canção da mesa de um bar
É preciso entender que perdida
pela vida uma estrada caminha
E que uma cidade sozinha
não comporta a procura da vida
"
Nasceu Antônio José Soares Brandão, no estado do Piauí, mas adotou o Ceará em 1955 quando a família resolveu morar em Fortaleza. Foi nessa cidade que Brandão se fez Poeta, compositor, arquiteto, artista plástico e um grande amigo.
Da geração da efervescência cultural das décadas de 1960 e 1970, em Fortaleza, Brandão iniciou essa trajetória ainda na faculdade de Arquitetura, na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi ele quem criou a capa do I Festival de Música Aqui (1968) e a capa do álbum Massafeira Livre (1979), do movimento cultural homônimo. Sua poesia foi interpretada por artistas como Nara Leão, Ednardo, Mona Gadelha, Fagner, Mimi Rocha e muitos outros.
Segundo o amigo e parceiro Ednardo, as letras de Brandão "são, na verdade, poesias que por si só existem". Parceiros de longa data, Ednardo e Brandão fizeram diversas músicas juntos, como "Alazão", "É Cara de Pau", "Duas Velas", "Vaila", "Classificaram", "Boi Mandingueiro" e muitas outras. Brandão também fez as artes gráficas do disco "Cauim" (1978) e do já citado "Massafeira Livre". E Ednardo editou o primeiro livro de poesias de Brandão, "Todas As Noites", pela sua editora. Um dos mais destacados parceiros de Brandão foi o inesquecível Petrúcio Maia.
Mona Gadelha, cantora, compositora, jornalista e produtora cultural, lembra que Brandão "é um dos maiores letristas da música brasileira". Entre as "obras-primas", a artista destaca "Alazão", "Frio da Serra", "Além do Cansaço", "Beco dos Baleiros" e "Pé dos Sonhos". No álbum "Praia Lírica - um tributo à canção cearense dos anos 70", Mona gravou "La Condessa", canção de Brandão em parceria com Ricardo Bezerra e Ribamar.
Fagner conheceu Brandão ainda durante a faculdade de Arquitetura, junto com outros como Fausto Nilo, Belchior e Augusto Pontes. "Ele é uma figura extraordinária. Foi um dos grandes parceiros que eu tive", diz Fagner que lembra, ainda, da alegria, do jeito divertido e da risada explosiva de Brandão. Mesmo piauiense, ele diz que o poeta poderia ser considerado símbolo da "molecagem cearense".