Praia de Iracema
Iracema Guardiã de Zenon Barreto

Praia de Iracema

A Praia de Iracema, começou a ser povoada pelos pescadores ficando conhecida como Bairro dos Pescadores e depois, pela década de 1920 e com a popularidade da quantidade de peixes comercializados no local, passou a ser chamada de Praia do Peixe. Foi a partir dessa época que a praia começou a ser chamada também de Praia de Iracema em homenagem à personagem Iracema de José de Alencar. Nome que foi oficializado depois, através de um concurso idealizado pela revista de Demócrito Rocha. Ficou então oficializado o bairro como Praia de Iracema, que mais tarde seria também chamada de "Praia dos Amores" por Luiz Assunção com a frase "Praia dos Amores que o mar carregou".

No final da década de 1940 e início de 1950, o mar açoitou com muita força as praias de Fortaleza, talvez pela expulsão do mar do Mucuripe, onde foi construído o porto da cidade, e a Praia de Iracema perdeu dezenas de casas e foi necessária a colocação de pedras em toda a sua extensão para que o mar não continuasse a avançar.

Adeus Praia de Iracema (Luiz Assunção)


No Rio de Janeiro, o compositor cearense Humberto Teixeira, que, em sua obra, nunca esqueceu seu estado natal, fez logo um baião cantando o fato intitulado Eu vou pro Ceará, que ele designou como Baião de Iracema, que foi gravado pela dupla Marlene e Paulo Tapajós. A gravação realizou-se no dia 25 de fevereiro de 1953 e a letra é

"Eu vou pro Ceará,
Eu vou, eu vou, meu bem,
Meu povo tá chorando,
Vou lá chorar também.
Eu vou ver o mar
Dizer para o mar Que arrespeite ao menos
A casa de meu bem
Responde, verde mar
Por que tu te zangou,
Matando num abraço
Quem tanto te beijou
A Praia de Iracema
Foi sempre o teu amor
Não leve o meu coqueiro
Deixe em paz meu bangalô."

Vou Voltar Pro Ceará (Humberto Teixeira)

O nome da praia e do bairro dedicado à personagem de José de Alencar, tem fortes indícius com a história que consta, segundo os mapas holandeses de 1649, que foi neste local que os índios potiguares encontravam-se quando Matias Beck e sua frota chegaram a Fortaleza. Além da forte ligação da praia e do bairro com a famosa obra indianista do romance brasileiro, o local também batiza em boa parte de suas ruas nomes que representam a tradição indígena, como rua dos Tabajaras, Cariris e Potiguaras.


Costumes:

As construções da Praia de Iracema eram casas das pessoas que ali residiam e, contrastando com essas moradias, as famosas "casas de veraneios". Imponentes palacetes construídos no bairro por ricos comerciantes de Fortaleza. Arquitetura belíssima para ser usada poucas vezes ao ano. Muitas delas de beleza superior às residências dos proprietários em seus bairros.

Casa de Veraneio

A partir do final da década de 1950 para os anos 1960, começaram a surgir edificações mais "modernas" no bairro. Uma delas é o Edifício São Pedro. Prédio que funcionava parte como hotel,parte como residência. De pé atéos diaas de hoje, embora mal cuidado, é um prédio que conta muitas histórias de Fortaleza e da Praia de Iracema.

Edificio São Pedro

Cultura:

Até os anos 1950, situava-se a Área Portuária de Fortaleza. Essa área foi restaurada, revitalizada e transformada no Centro Cultural Dragão do Mar. O bairro nobre de Fortaleza, próximo ao centro da cidade, abriga importantes instalações e instituições da cidade, como o Seminário da Prainha, a Caixa Cultural de Fortaleza, a Fundação Joaquim Nabuco, a Biblioteca Pública Estadual do Ceará, o Porto Iracema das Artes, o complexo comercial da Avenida Monsenhor Tabosa, a Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará, o Acquário Ceará, além de boates, bares, hotéis à beira-mar e centros de lazer.

A região da cidade é tida como "Bem de Relevante Interesse Cultural" fortalezense, instituído pelo Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria da Cultura de Fortaleza, em virtude da forte memória coletiva do local, seus prédios históricos e sua importância para o desenvolvimento de intelectuais e artistas de Fortaleza.

A Boemia:

Estoril:


Fachada Estoril

Estoril

A partir da década de 1940, a Praia de Iracema passou a ser frequentada pela boemia fortalezense, e esta acabou construindo a identidade do local. Posteriormente, o prédio do Estoril, único prédio do mundo com construção de "taipa" com dois pavimentos, foi utilizado como cassino pelas tropas americanas sediadas em Fortaleza durante a Segunda Guerra Mundial.

Por sua localização próximo ao centro da cidade, apesar de abrigar muitas "casas de veraneio", bucólico, atraia poetas, boêmios e intelectuais para as reuniões de boemia. E aasim se seguiu, embora com altas e baixas, a história da Praia de Iracema, a Praia dos Amores.

Peixada do Ramon:

O pioneiro em matéria da gostronomia que iria eternizar o Ceará, a famosa "Peixada Cearense", o restaurante "A Peixada do Ramon" foi o restaurante mais bem frequentada pela sociedade cearense, pelo menos até o "mar carregar". Embora muito rústico na sua estrutura, como era tudo na época, estava sempre bem servido de clientes e amigos.

Peixada do Ramon

Cais Bar:

O Cais Bar foi o ponto cultural mais importante da década de 80/90 na cidade de Fortaleza. Funcionou de Janeiro de 1985 a Setembro de 2003. Durante todo período de existência, os administradores (também artistas) Joaquim Ernesto, Chico Barreto e Ita Benevides sempre incentivaram e fomentaram a acessibilidade cultural, a disseminação da arte e da cultura cearense, com ênfase especial na música, lançamentos de livros, discos e CDS. foi criado um selo: Cais Produções Musicais, responsável inclusive pelo lançamentos de vários artistas da terra. Exposições de artes plásticas, apresentações teatrais, além de várias outras iniciativas em prol do lazer, cultura e entretenimento aconteciam no Cais Bar com muita frequência.

Embora distante do cenário cearense, o Cais Bar nunca saiu do imaginário coletivo dos artistas e clientes, funcionando como um grande patrimônio cultural e imaterial. Em 2016, o Cais Bar foi convidado pela Secretaria de Cultura para fazer parte da Bienal do Livro, com stand especial, reproduzindo o cenário característico e promovendo apresentações musicais durante o período. Na oportunidade, foi exposto o famoso painel do Cais Bar, obra do artista plástico Válber Benevides, que inclusive foi adquirido pela Secretaria de Cultura como patrimônio cultural e encontra-se, atualmente, exposto no Centro Cultural Belchior, na Praia de Iracema, berço do Cais Bar.

O Joaquim Ernesto também cantou a Praia de Iracema em uma canção composta em parceria com Serrão de Castro, que também interpreta aqui música.

Praia de Iracema (Joaquim Ernesto e Serrão de Castro)

Da casa símples do início da confraria, passou a ser um bar bem estruturado à beira do calçadão construído à beira-mar pela prefeitura de Fortaleza. Todos os grandes nomes da música brasileira e internacional que passaram por Fortaleza, à trabalho para fazer show ou à passeio, passaram pelo Cais Bar. Não tinha como visitar Fortaleza, na época, e não conhecer o Cais Bar.

Cais Bar

Opção Bar:

Foi durante muitos anos, até fechar suas portas no final da década de 1990, o ponto de encontro de intelectuais fortalezences. Era o "escritório" dos editores do "Jornal O Pão" da Padaria Espiritual. Administrado pelo sempre bem humorado "Haroldão", tinha, além do excelente cardápio gastronômico, uma energia diferente, deixando todos que lá visitavam sempre de bem com a vida, de bom humor. As "praças" como são divididas as áreas de mesas de um restaurantes eram todas batisadas com nomes espiritualmente bem humorados pelo Haroldão. Beco dos Quebra-bunda, Rua dos Viados, Beco dos Corruptos, etc. A pedida melhor era a feijoada aos sábados.

Pirata Bar:

Famoso por dar à Fortaleza o título de "A cidade da Segundas-feiras mais animada do mundo", o Bar Pirata funcionava todos os dias da semana, porém, só tinha festa na segund-feira: Forró autêntico. Passou a ser uma casa de show com apresentação de grandes nomes da música como Leila Pinheiro, mas a sua marca registrada era a segunda-feira.

Pirata Bar

Praia de Iracema Hoje:

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura:

Centro Dragão do Mar

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) é um centro cultural, um dos maiores do Brasil. Projetado pelo arquiteto e compositor Fausto Nilo, são 30 mil metros quadrados de área dedicada à arte e à cultura, com atrações como o Museu da Cultura Cearense, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Planetário Rubens de Azevedo, Teatro Dragão do Mar, Salas do Cinema do Dragão, Anfiteatro Sérgio Mota, Espaço Rogaciano Leite Filho, Biblioteca Leonilson, Auditório, Multigalerias e espaços para exposições itinerantes e a Praça Verde, que abriga mais de quatro mil pessoas e também grandes shows nacionais e internacionais.

O Instituto Dragão do Mar é a organização social responsável pela gestão e execução das políticas públicas do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e de outras dez instituições de cultura, esporte e gastronomia do Ceará. São elas:
- Escola Porto Iracema das Artes,
- Escola de Artes e Ofícios Thomas Pompeu Sobrinho,
- Centro Cultural Grande Bom Jardim,
- Cine Teatro São Luiz,
- Teatro José de Alencar,
- Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco,
- Escola de Hotelaria e Gastronomia da Estação das Artes,
- Casa dos Saberes Cego Aderaldo,
- Vila da Música e
- Centro de Formação Olímpica.

O Centro Dragão do Mar é um espaço destinado ao encontro das pessoas, ao fomento e à difusão da arte e da cultura. Foi criado pelo então secretário da Cultura e atual Presidente do Instituto Dragão do Mar, o sociólogo e jornalista Paulo Linhares, durante a gestão do então Governador do Estado do Ceará, Ciro Gomes, na década de 90. O espaço foi entregue à população pelo governador Tasso Jereissati, em 28 de abril de 1999 O Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC), hoje nomeado de Instituto Dragão do Mar, foi a primeira Organização Social (OS) criada no Brasil na área da Cultura, tendo sido qualificada pelo Governo do Ceará em 03 de Julho de 1998.

O nome Dragão do Mar é uma homenagem ao histórico personagem cearense Chico da Matilde, jangadeiro símbolo do movimento abolicionista no estado, que, em 1881 recusou-se a transportar escravos para serem vendidos no sul do país.

Centro Cultural Belchior:

Centro Cultural Belchior

Idealizado pela Prefeitura de Fortaleza, o Centro Cultural Belchior (CCBEL) é um importante espaço para interagir e pensar a cultura do século XXI através da obra do Belchior, que não se restringe apenas na música, mas na poesia e na pintura por exemplo. Por sua influência em uma geração inteira, o maior poeta contemporâneo cearense deixou marcas não só no público cearense como no Brasil inteiro. As legiões de fãs e seguidores espalham-se por todo o país.