Adolfo Caminha

Adolfo Caminha

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Adolfo Ferreira Caminha nasceu em 29 de maio de 1867 na Cidade de Aracati-Ce, filho primogênito de um casal de pequenos proprietários, Raimundo Ferreira dos Santos e de D. Maria Firmina Caminha. Criança frágil, esteve 2 ou 3 vezes à beira da morte até os 8 anos; de uma dessas vezes, chegou a ser encomendado o seu caixão. Aos 10 anos de idade chegou a assistir no Ceará à grande seca, que ficou impressa de tal maneira na imaginação popular e cujos horrores se refletem ainda hoje de forma tão intensa no folclore nordestino. Perdeu então a sua mãe; foi nessa ocasião que um seu tio, Álvaro Caminha, que residia no Rio de Janeiro, o chamou para a corte afim de educá-lo. Aos treze anos o tio o interna na Escola Naval. Em 27 de novembro de 1885, era ele promovido a Guarda-Marinha; em 9 de julho de 1888, a segundo-tenente. É nessa época em que Adolfo Caminha começa a aparecer diante dos leitores de jornais. Seu primeiro artigo chamava-se "A Chibata". Caminha era ardoroso republicano e sentia-se profundamente revoltado contra certos hábitos que encontrara na armada, de que fazia parte. Entre estes estava o hábito da chibata. Era contra ele que, em nome de sua dignidade, o escritor protestava veementemente. Nesse ano de 1888 embarca a bordo de um patacho para Fortaleza.

Em Fortaleza inicia um romance de amor com uma D. Isabel, senhora casada com um alferes. Sua paixão é correspondida, e Caminha raptou a eleita do seu coração. O fato, ocorrendo numa cidade provinciana, como era àquela época, a capital cearense, acirrou ódios profundos contra Adolfo Caminha. Ele é visto como um flagelo dos bons costumes. Cercam-no de calúnias e ameaças. Há quem o procure para matá-lo. As intrigas repercutem-se no Rio de Janeiro, e ele é chamado à corte com urgência, pelo último Ministro da Marinha da Monarquia.

Diante das pressões e retaliações, pede baixa e abandona a Marinha em 15 de fevereiro de 1890, e consegue então um emprego de praticante do tesouro do Estado, permanecendo neste cargo até ser promovido a escriturário. Fixa residência no Rio de Janeiro e é efetivado como escriturário do tesouro. Seu lar é feliz, e está enriquecido com duas crianças - Aglais e Belkiss. Os esforços para excessivos que ele faz para viver e para ganhar o sustento dos seus, o aturado e intérmino trabalho intelectual, vão-no enfraquecendo, a mais e mais. A tuberculose se declara . Adolfo Caminha morre em 1 de janeiro de 1897. Dois meses depois de sua morte, a pequena Belkiss que contraíra a tuberculose com ele, morre também. Ficam enterrados pai e filha em um cemitério modesto.

Romancista de viva imaginação deixou: A normalista (1892), Bom Crioulo (1895), "No País dos Yankees", Cartas literárias, Judith e lágrimas de um Crente, Vôos incertos, Ângelo e Imigrante.